Tradição cristã é mantida entre moradores da cidade histórica do Ceará e torna-se atrativo para visitantes até o próximo dia 6 de janeiro
Um costume natalino cristão é preservado na cidade de Icó, na região Centro-Sul do Ceará: a montagem de presépios em casarões no entorno do Largo do Théberge. O maior e mais antigo está instalado na capelinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, há 55 anos. Reúne cerca de cinco mil peças e atrai a curiosidade de famílias locais e visitantes.
O Centro Histórico de Icó, na região Centro-Sul cearense, nessa época do ano se transforma para as festas natalinas. As igrejas celebram novenário, as famílias decoram os casarões, abrem suas portas aos moradores e turistas. Caminhar pelas ruas largas é um convite ao passado.
Iniciado por São Francisco de Assis, em 1223, o presépio é uma tradição natalina que lembra o nascimento do Menino Jesus, em uma manjedoura. A partir da Europa se espalhou para outras regiões e chegou ao Brasil pelos portugueses de forte religiosidade cristã católica.
Em Icó, a tradição chegou pelas mãos dos colonizadores. “Somos uma das cidades mais antigas e importantes no início da ocupação do sertão cearense”, observou o memorialista, Altino Medeiros. “No passado havia mais presépios, na maioria das casas, mas o importante é que a tradição foi mantida”.
Altino Medeiros observa que neste ano houve acréscimo de pelo menos três instalações em relação ao ano passado. Uma delas, é na casa do casal, Haroldo Nunes e Vanigna Olímpio, bem próximo ao Santuário do Senhor do Bonfim. Ocupa toda uma sala da casa e tem réplicas de casarões históricos de Icó e ao centro uma imagem de Nossa Senhora segurando o Menino Deus nos braços.
Dos janelões, dá para se observar toda a montagem. “A gente se mudou para o Largo do Théberge e resolveu montar um presépio bem maior para homenagear o nascimento de Jesus”, explicou Haroldo Nunes.
A maior instalação segue uma tradição de 55 anos que começou com o funcionário público federal, Almério Silva, na capelinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Um espaço de 30 metros quadrados. O idealizador faleceu em 1996, mas a tradição foi mantida pelos filhos adotivos, Márcio e Marciano Tavares. “Ele estudou em seminário católico, era muito religioso, e teve a ideia de montar o presépio”, disse Marciano. Depois da morte dele, demos continuidade”.
A montagem geralmente é feita no período da noite, na primeira semana de dezembro. “Cresci vendo a lapinha ser montada”, recordou Marciano. Adquirimos mais peças, outras foram doadas, e hoje já temos quase cinco mil”. A instalação pode ser visitada entre as 17 horas e 22 horas. Há um sistema de som com narrativas de passagens bíblicas na voz do locutor Cid Moreira.
Outro presépio que atrai muitos visitantes é no sobrado do empresário, Luiz Gonzaga Teixeira, bem no início do principal corredor onde estão os maiores casarões históricos tombados pelo Iphan. O imóvel está decorado com cordões de luzes. A primeira sala, ampla, é ocupada com um imenso presépio e outras peças de motivos natalinos.
A montagem dura cerca de 15 dias. “Somos motivados a manter a tradição e por nossa fé em Jesus Cristo”, explicou. Árvore de Natal, Papai Noel, roda gigante, fontes de água, réplicas de animais, e a manjedoura com a sagrada família compõem o espaço.
“Isso é uma coisa encantadora”, disse a aposentada Miriam Oliveira, que saiu de Iguatu para visitar o Centro histórico de Icó. “Uma amiga me falou das casas com presépio, mas não imaginava que era tão bonito assim”. O sentimento de surpresa e de alegria invade o coração dos visitantes.
A dona de casa, Marta Custódio e as filhas, Ingrid e Fernanda, visitaram o presépio no casarão antes de ir à novena dedicada à padroeira de Icó, Nossa Senhora da Expectação. “No ano passado a gente veio e gostou muito, por isso estamos aqui novamente para lembrar dessa época do ano que é de magia e de amor”, disse.
O clima de Natal invade a cidade de Icó nessa época do ano. O sentimento dos moradores é comum, querem viver o Natal, os seus símbolos, relembrar que Jesus nasceu humilde.
Fonte: Honório Barbosa/DN
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