29 de agosto de 2017

Produtores comemoram chegada de projetos em Icó




Quando as colmeias chegarem ao assentamento ao Sítio Umari dos Ferreiras, em Icó, Maria Lourdes Ferreira, 75 anos, vai se preparar para “pegar” mais abelhas e aguardar a “floragem”. A agricultora familiar é uma das cinco apicultoras pioneiras da região Centro Sul e, mesmo com a baixa produtividade, em decorrência da seca dos últimos cinco anos, serve de exemplo para os mais jovens. “Eu me orgulho mesmo, porque é pouca gente que tem coragem”, revela o medo que as colegas têm das abelhas.

Assim como D. Lourdes, outros dos 114 agricultores, de Jucás e Icó, foram atendidos com o projeto de fortalecimento da cadeia produtiva da apicultura na última sexta-feira (18). A atividade, uma das apostas da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) para a sustentabilidade da agricultura familiar, exige poucas horas de dedicação semanal e vem alçando bons preços no mercado. “A roça você tem que ir todo dia e a abelha, não. Você pode ir uma vez por semana para ver como tudo tá e (também) na colheita”, ensina.

Com o investimento de R$ 9.608,08 por agricultor, incluindo a indumentária (macacão, um par de botas e um par de luvas), 22 kg de cera alveolada e as colmeias, o projeto é um convênio entre a SDA e o Ministério da Integração Nacional (Convênio No. 785941-203) e é realizado em parceria com o Instituto do Desenvolvimento da Economia Familiar (Idef). Além do equipamento básico, as famílias são atendidas com treinamento de manejo das abelhas e acompanhamento técnico pelo período de dez meses.

Os núcleos agrícolas de Aratuba, Capistrano, Icó, Piquet Carneiro, Poranga, Quixelô e São Benedito já receberam o treinamento e serão os próximos beneficiados pela entrega do equipamento. Segundo informações do coordenador de Apoio às Cadeias Produtivas da Pecuária (Coape), Márcio Peixoto, o convênio representa um investimento por município de R$ 528.444,50 e um total de R$ 4.277.556,00 no incentivo para que os agricultores diversifiquem a renda das famílias com a apicultura.

“Conhecemos o empenho da equipe da SDA e, em nome do Márcio e do Marcelo (técnico), que vieram inúmeras vezes resolver entraves burocráticos, agradecemos a entrega que estamos realizando hoje”, reconheceu o secretário municipal de agricultura Cláudio Lavôr durante a solenidade de entrega. “Quando muitas mãos se mexem na mesma direção a coisa acontece, e é isso o que queremos: entregar a coisa bem feita para vocês (agricultores)”, completou.

Além dos 440 produtores rurais atendidos pelo convênio com o Ministério da Integração Nacional, a SDA vem realizando a entrega de 810 projetos produtivos em caprinocultura (323 projetos), galinha caipira (330), apicultura (141), quintais produtivos (7), fruticultura (6) e forragicultura (3) (Convênio SDA-Incra). “Estamos gerando renda para os agricultores familiares e dando uma verdadeira guinada nos projetos produtivos por todo Ceará”, comemorou o secretário Dedé Teixeira no evento.

Segundo informou, em meio à preocupação com o desenvolvimento rural, o Governo do Ceará vem estudando medidas de intensificação do combate à extrema pobreza. “Embora os mais pobres também estejam nas favelas, grande parte deles está no campo. Por isso, o governador Camilo Santana, que foi titular da SDA, estuda maneiras efetivas de mapear e reduzir a miséria no meio rural se utilizando dos instrumentos que já possuímos, como é o caso do Fecop (Fundo de Combate à Pobreza)”, revelou.

Na avaliação de Dedé Teixeira, o enfoque Estado deve ser na geração de oportunidades para as famílias de agricultores e no investimento em projeto produtivos que garantam a convivência com o semiárido. “É uma realidade que cada vez mais teremos menos água e o nosso papel é ajudar a vocês a fazerem o uso sustentável e responsável desse que é o mais importante bem que todo o homem e mulher do campo tem, que é a água”, alertou citando o reuso das águas de cinzas, do Projeto São José.

Também participaram da solenidade o prefeito de Jucás, Raimundo Luna Neto; a prefeita de Icó, Laís Nunes; a presidente da Câmara Municipal de Jucás, Maria das Dores Ribeiro Cunha e o representante do Idef, Valfrido Ferreira. Além destes, a representante da Ematerce, Aparecida Lavor; e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jucá, Antônio Francelino.

Primeiro era o algodão. Com a chegada da praga do bicudo que atingiu o Ceará faz uns vinte anos, o agricultor foi se esgueirando entre a agricultura de sequeiro e a pecuária buscando sobreviver do que produz no quintal de casa. Assim também é a história da família de Damião Pinheiro de Brito, de 50 anos. “A gente já nasceu naquilo, as condições (são) poucas. Filho de pobre que já nasce na roça, aí tem que trabalhar na agricultura. Agora, se aprendeu a ler, parte para uma coisa melhor, né”, defende a criação que deu aos cinco filhos.

O morador da comunidade Malhada da Aroeira, no município de Icó, já tomou algumas picadas na vida, mas, agora, com entrega da indumentária não sente medo de ingressar na criação das abelhas. “Devido ao desmata mata (sic), já fica difícil (criar gado). Porque já tem muita coisa desmatada e por causa disso não tem chuva. Tem que plantar capim e não tem água. E é caro (a pecuária). Abelha não, mantendo o apiário lá, só tem rendimento”, incentiva as próximas gerações de apicultores com o que aprendeu no treinamento realizado pelo Idef e na vida.

ASCOM Secretaria do Desenvolvimento Agrário.

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